Enquanto trabalhei em cabeleireiro conheci vários homossexuais que eram muitas vezes marginalizados pela sua orientação sexual. Um deles foi um grande amigo que tive e foi com ele que encarei a homossexualidade de uma maneira mais aberta.
A primeira frase que ele me disse numa das nossas conversas foi que a homossexualidade não era uma opção sexual pois ninguém iria optar por ser homossexual sabendo que não se é bem aceite na sociedade, ele acredita que se nasce assim, que é como ter corpo de rapaz mas ter pensamentos femininos, no fundo são portadores de mais hormonas femininas que o normal, eles sentem uma atracão sexual e emocional por pessoas do mesmo sexo e que surge de uma forma espontânea e inesperada assim como na heterossexualidade.
Mas a nossa sociedade não esta preparada para falar de homossexualidade de uma forma natural, eu própria que era bastante amiga deste rapaz e que julgava ter uma mente aberta para este assunto, quando um dia ele me levou a sair com ele para um local só frequentado por homossexuais eu percebi que afinal também não estava preparada para aquela realidade, e não deixando de ser amiga deste meu amigo não quis voltar a ir aqueles sítios porque não me sentia bem lá sentia me muito deslocada, sentia que não fazia parte do meu mundo. Um certo dia sentados numa esplanada do chiado, vários amigos homossexuais iam chegando e cumprimentavam-se com dois beijos na cara e via-se no rosto das pessoas que estavam por perto um desconforto, um olhar mesmo incriminatório, mostravam, sem sequer se preocuparem com os sentimentos dos outros um preconceito que até compreendo numa geração mais antiga devido à forma como foram educados, em que ainda se pensava que a homossexualidade era sinal de doença ou pecado, mas hoje em dia não se entende porque os jovens ainda pensam nos homossexuais como aberrações, dizemo-nos um povo tão liberal mas afinal parece que é só para o que nos convêm, eles como é obvio já estão acostumados a estas expressões e olhares por isso continuavam a sua vida sem sequer olhar para as restantes pessoas também sentadas na esplanada.
O preconceito não passa de um conceito formado sem fundamento, é mais fácil viver fechados em preconceitos do que conhecer a verdade ou tentar entender o próximo, criou-se um estereótipo sobre os homossexuais onde estes são mais promíscuos e solitários, mas não existe cientificamente nada que comprove que estes têm maior tendência para a promiscuidade que os heterossexuais, quanto à solidão estes têm as mesmas necessidades de amar e serem amados assim como os heterossexuais, diz-se também que a homossexualidade está ligada á pedofilia, não concordo pois a pedofilia não está ligada à orientação sexual mas sim a problemas psicológicos. Para ultrapassar estas questões não basta crescer cientificamente temos de crescer como pessoas, como seres humanos racionais, há que educar os nossos filhos para esta realidade, mostrando-lhes que é natural esta situação, que não é obrigatório gostar do sexo oposto que também existem pessoas que gostam de outras do mesmo sexo e não mostrando repugna, pois se esta realidade existe temos de saber viver com ela e não nos esconder-mos atrás de preconceitos.
A comunicação social é em grande parte responsável porque faz questão de mostrar o pior das pessoas ao invés de mostrar a realidade, infelizmente tudo o que é mau faz notícia, as pessoas de uma maneira geral gostam das histórias do desgraçadinho. Reconheço o trabalho dos média, mas é notório que estes nem sempre desenvolvem as notícias da forma mais correcta, cada vez se vê mais que as notícias são exploradas até à exaustão não respeitando o direito à privacidade de cada um.
